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Notícias = Skol Beats 2008

Mesmo sob um frio que chegou perto dos 10 graus, os fãs de música eletrônica não deixaram de comparecer ao Sambódromo neste sábado (27) para a oitava edição do maior festival do gênero no país. Por volta da 0h do domingo, todos os 15 mil ingressos disponíveis haviam se esgotado. Adicionando imprensa, convidados e organização, o evento recebeu cerca de 16 mil pessoas divididas entre o palco Skol Live e as tendas Skol Beats e Terra.

Os maiores destaques da noite foram a dupla francesa Justice e os DJ Marky, ícone paulistano do drum 'n' bass e Armin Van Buuren, holandês considerado o número um do mundo. O sistema de som de 200 mil watts funcionou bem, com poucas falhas, apenas em algumas das primeiras atrações.

No que diz respeito à organização, tudo ocorreu sem maiores percalços. O público, que ainda era rarefeito às 20h, quando começava o primeiro show no palco principal, foi chegando lentamente até o pico da 0h, o que evitou grandes filas. O policiamento, que contou com mais de 400 homens, também colaborou para que não houvesse incidentes.

Com bares, restaurantes e lanchonetes em quantidade generosa, o público se abasteceu com facilidade. Talvez por causa da lei-seca, não foram registrados muitos casos de abuso de álcool.

Nos espaços menores, o produtor iraniano-americano Dubfire surpreendeu superlotando a tenda Skol Beats com sua mistura de house, hip hop, dub e elementos de rock e industrial. Já na tenda Terra, o DJ Renato Cohen, velho conhecido do público do festival, foi o maior destaque, com um set intenso para casa cheia. Uma impressão interessante sobre as tendas era a idade média mais alta dos freqüentadores, contrastando com o público do palco, formado em grande parte por adolescentes.

Os shows

O palco Skol Beats, onde se concentrava a maior parte do público, foi inaugurado pela dupla de DJs Killer On The Dance Floor, enquanto o público começava a chegar. O clima começou a esquentar às 20h45 com o show dos cearenses do Montage. Performática como sempre e explorando a androginia do vocalista Daniel Peixoto, a apresentação demonstrou a nova cara do grupo, com menos rock e mais influência da atual cena eletrônica francesa na receita.

Em seguida, o MixHell, dupla de electro-rock formada pelo ex-baterista do Sepultura Iggor Cavalera e sua mulher, a DJ Laima Leyton, fez um show competente com uma abertura de impacto mixando a introdução de "From Whom The Bells Toll" do Metallica. Misturando o clima ao vivo do metal, sua cena de origem, ao bate-estaca eletrônico, Iggor se alternava entre os computadores e uma bateria eletrônica tocada ao vivo, dando peso extra ao que já era barulhento.

No final, o Mix Hell já tocava para uma multidão, que aguardava a atração seguinte, os mais esperados da noite, Justice. Entrando as 23h20, a dupla francesa já começou impressionando pelo visual, com a decoração de palco mais impressionante do festival.

Os dois integrantes, Gaspard Auge e Xavier de Rosnay manipulavam sua parafernália atrás da cruz iluminada que sempre os acompanha e em meio a duas paredes de caixas de som para amplificadores de guitarra. O objetivo, evidentemente, era evocar um espírito roqueiro através do impacto visual, pois as caixas, desprovidas de falantes, não emitiam som algum.

Além do aparato, também era típico de rockstars veteranos o domínio que o duo tinha sobre a numerosa platéia. Em músicas como "Never Be Alone (We Are Your Friends)", o público entoava o refrão em uníssono e reagia como se estivesse hipnotizado, a cada movimento do carismático de Rosnay, que vez por outra fazia o sinal da vitória e vinha à frente do palco. Com som perfeito e desempenho impecável, o barulho do Justice foi o mais memorável do festival.

Em seguida, Marky subiu ao palco por volta das 0h40, na companhia do inglês MC Stamina, com a responsabilidade de manter a energia trazida pelos franceses. No que diz respeito à empolgação do público, conseguiram com facilidade. Stamina cantava e chamava o público para dançar com suas intervenções sobre a discotecagem veloz e ágil do DJ, numa apresentação ao mesmo tempo dançante e musical, com carisma de sobra.

Terminado o set de Marky, o público começou uma lenta debandada, tanto para casa quanto para o set de Dubfire na tenda Skol Beats. O da banda australiana Pendulum, iniciado à 1h45 já foi para uma platéia perceptivelmente menor e menos entusiasmada, apesar da boa performance, misturando o formato roqueiro, com guitarra, baixo e bateria à base drum´n'bass, num resultado competente e pesado.

Em seguida, o Digitalism conseguiu recuperar parte do público, talvez pela expectativa após o cancelamento dos shows que fariam no país no final de 2007. Com atraso de meia hora, a dupla alemã começou a tocar às 3h30. Apesar de competente e com boas tentativas de interação com o público, foi difícil manter o pique. O frio, o cansaço e o baixo volume sonoro no início fizeram com que o resultado final não atendesse totalmente às expectativas. No final, a maior parte do público já havia deixado o Sambódromo.

As duas últimas apresentações, no entanto, conseguiram animar os que resistiram até o final. O holandês Armin Van Buuren entrou às 4h35 fez o público dançar até o nascer do sol, num set de quase duas horas e meio da sua combinação de tecno e trance.

As 7h foi a vez de Gui Boratto encerrar com categoria a longa maratona. Acompanhado de banda, o DJ paulistano fez um live P.A. baseado em seu último trabalho, "Chromofobia", enquanto os últimos remanescentes insistiram em dançar até depois das 8h30, como se as mais de 12 horas de música eletrônica ainda estivessem longe de terminar.

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